Deep Blue


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O chakra do plexo solar

Já faz um tempo que não consigo escrever. Fiz como o Windows costuma fazer. Ou como o meu celular Sony Ericsson faz diariamente. Travei. Também não vou colocar a culpa nele. A culpa é toda minha, por sentir tanta culpa de continuar a minha vida com ele fazendo parte dela pela metade. Deveria ter aplicado a máxima do Renato Russo, “já que você não está aqui, o que posso fazer é cuidar de mim.” Confesso que Renato Russo me deixa um pouco deprimida. Sei que ele era um Senhor poeta, assim como Cazuza, mas a forma como ambos lidaram com a morte difere bastante. Cazuza levou um tapa na cara e devolveu com toda força. Parece que Renato Russo se deixou abater. Prefiro a forma do Cazuza de lidar com as coisas, mas o meu melodrama megalomaníaco canceriano me faz agir meio como Renato Russo. Ou seja, eu fico um saco. Vai ver que já que ele não está aqui, eu deveria mesmo cuidar de mim. E nem é justo falar que eu me larguei. Está certo, eu fiz bem isso no começo mesmo. Em fevereiro, quando ele foi embora, eu fiquei destruída. Comi uma barra de 500 gramas por dia, fiquei uma bola, era só dar uma bica e eu poderia sair rolando. Fácil. Mas então entrei naquela montanha russa emocional, travei uma guerra equilíbrio x desequilíbrio, Deus e quem estava por perto viu a chatice que eu fiquei. Mas acho que chegou a hora de dizer chega. Chega de culpa, afinal, eu fiz de tudo para que ele voltasse. Ele não quis, então chegou a hora de, como disse uma amiga querida esses dias, “let go”. Afinal, ouvimos a vida inteira que não os criamos para nós mesmos. Não nos pertencem, não são nossas propriedades. Há momentos em que consigo enxergar isso com tamanha lucidez que me assusta. Em outros, seguir essa linha de raciocínio me deixa um tanto quanto confusa. Nesses momentos, o certo e o errado se misturam e talvez, minha inexperiência na vida acaba brincando comigo. Assim, vou tentando. Alguns dias eu consigo, em outros parece impossível. É melhor eu respeitar o ritmo da aceitação e deixar fluir.

Ouvi demais às pessoas e segui muito pouco os meus instintos. Na tentativa de reverter o que fui durante a maior parte da minha (totalmente instintiva), arranhei a minha percepção e me fechei não lutando para que as coisas fossem do jeito como eu queria. Não faz mal, a vida é feita disso mesmo e nem deve ser tão tarde assim. É hora de fechar meu plexo solar e reagir.

O plexo solar é o chakra da energia vital. Pense na cor amarela e localize o chakra localizado atrás do umbigo, no abdômen. Sabe quando sente a sua energia sendo sugada por outra pessoa? Tem gente que chama isso de “vampirizar”. A palavra parece que saiu de um livro de vampiros adolescentes como “Crespúsculo”, mas não é nada sobrenatural. Trata-se apenas de energia. A sensação de ser vampirizado é a mesma de se ter uma corrente que sai de um nível profundo do abdômen para fora do corpo, jogando toda a energia para fora e levando-o à exaustão sem esforço físico. Parece que apagaram a luz dentro de você. Então preste atenção o que aprendi com um colega de trabalho: toda vez que se sentir “vampirizado”, coloque uma mão sobre a outra (entrelaçando somente os polegares) sobre o umbigo. Dessa forma, você bloqueia a troca de energia entre você e o seu… “vampiro”. (Nada sexy, muito pelo contrário, alguém de que você vai querer manter distância). Ontem eu utilizei a técnica e funcionou como um milagre. Mas longe de milagre, só aprendi a controlar um dos meus chakras. Próximo passo, talvez um dos cursos de chakras com os meus professores de Yoga e fazer com que todos os “vampiros” à minha volta recolham-se à respectiva insignificância.