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Natal é coisa de gordo

Se você tivesse cinco anos, a primeira coisa que viria à sua mente quando ouvisse a palavra “Natal” seria “bicicleta”, “Barbie”, ou qualquer coisa do tipo. Aos quinze anos, você pensaria em qualquer sonho de consumo de marca se fizesse parte desse novo grupo de adolescentes ultra-consumistas, perfeitamente capazes de passar fome por um iPhone ou uma bolsinha da Kippling. Mas não… se você ainda não fechou esse blog para assistir um clip do Justin Bieber no Youtube, provavelmente você deve ter no mínimo uns trinta e pouco anos. Ou está bem perto. Então, quando você ouve a palavra “Natal”, é bem provável que sua reação seja igual à Luna (exemplar da raça canina devoradora de comida de 12 anos que mora na minha casa) quando ouve a palavra “bifinho”, “ossinho” ou “ração”. Suas orelhas levantam e você saliva loucamente. Sim, você pensa em comida, eu sei. Porém, vinte dias antes do Natal, você promete que vai começar uma dieta rica em capim e feno e visitar a academia ou a esteira da sala de ginástica do seu prédio diariamente para passar a ceia de Natal sem peso mental ou físico. Na verdade, você até acorda na segunda-feira da primeira semana de dezembro pensando em maçã e se prontifica a entrar numa calça de cotton que você não tirava da gaveta desde o verão passado. A calça está apertada, e vesti-la já faz parte do aquecimento. Você luta para entrar naquele objeto de tortura que é quase parecido com as meias Kendall, para evitar varizes em grávidas (a propósito, eu aboli esse objeto de castigo da Idade Média na minha gravidez, apesar das broncas mensais que eu levei do ginecologista durante nove meses). Quando a calça de lycra+cotton com sensação de cinto de castidade (não que eu já tenha utilizado um) finalmente entra, você já está suando em bicas e não começou nem o alongamento. Faz uns movimentos de bailarina gorda para conseguir se adaptar ao objeto de tortura e coloca a camiseta que o seu namorado esqueceu na sua casa, parar compensar o aperto inferior. Encara o exercício numa boa e faz tudo bonitinho até o terceiro dia, quando você acaba indo para o trabalho depois da esteira e acaba fazendo uma horinha extra até às dez horas da noite. No dia seguinte, o despertador do seu celular toca ainda mais cedo para você repetir o processo da tortura da calça de lycra+cotton e descer para caminhar na esteira por uma hora, mas você está tão cansada, que desliga aquela porra de despertador, diz “nem fodendo”, vira para o lado e dorme. Depois de três dias, você já trocou a maçã e o iogurte Corpus Light pelo Chocotone e garante que depois do ano novo reiniciará a dieta e os exercícios, afinal, se o símbolo do Natal é o homem mais gordo do ano, quem disse você realmente precisa passar a ceia dentro de uma calça tamanho 32?